terça-feira, 17 de novembro de 2009

A DOR DE CADA UMA


Ultimamente, tenho visto e lido muita coisa sobre a dor. A famosa e tão temida Dor do Parto. E resolvi registrar algo sobre isso e o que ela tem significado para mim.

Acho que ao passar do tempo tenho cada vez mais olhado-a com outros olhos. A palavra dor (me refiro a do parto) tem tomado outra dimensão e adquirido novas nomenclaturas para mim. Claro, não vou dizer que não tenho medo e que ela não vai existir, mas ao menos tenho desenvolvido uma maior afinidade com ela.

Normalmente, quando sentimos Dor ela está automaticamente associada a algum problema, deficiência do nosso corpo, reação a doenças, ou a um acidente. Tudo isso remete a algo ruim, sofrível que, não remediado, pode piorar ou progredir para um problema maior.

A dor do parto é ‘contraditória’- no bom sentido. Ela é quem faz todo o trabalho pela mulher (pois as contrações são responsáveis por abrir espaço para o bebê passar). Ela remete a PROGRESSO. Ela quem vai nos aproximar cada vez mais do (a) nosso (a) filhinho(a). Ou seja, diferente da dor da doença, esta “dor” só vai culminar em algo bom, gratificante e transcendental – como várias mulheres dizem – que é o momento do nascimento do bebe. Então, como li em algum lugar, se esta dor é inevitável, devemos torná-la nossa aliada. É saber que aquilo é algo positivo e que, enfim, não trará uma lembrança triste ou ruim e sim o maior dos eventos universalmente: a chegada de uma vida.

Lembro de uma senhora que conheci que falou: “Eu tive quatro filhos. Os três primeiros normais e o último cesária. Mas eu nunca sofri e senti taaaaaanta dor na vida como na recuperação da cesárea!” Incrível não, como uma pessoa que conseguiu suportar a “dor” de três partos normais, achou a recuperação de uma única cirurgia pior do que as experiências anteriores?!

No mais, acima, escrevi dor com aspas mesmo, porque além de achar injusto chamar as contrações do nascimento de dor, há ainda uma outra questão: a generalização dela! É sábio que cada pessoa, cada mulher tem uma tolerância diferente à dor. Cada um tem sua própria e cada um a suporta diferentemente. Então não existe uma maneira de mensurar ou qualificar sua dor como sendo a minha. E na do parto algumas agüentam até o fim sem um pingo de anestesia e outras não conseguem nem o começo.

O que me intriga é não tentar. É fazer um monstro e toda uma definição prévia, sem nunca ter experimentado. É o caso da mãe de uma amiga. Diz ela que a mãe fez 4 cesarianas por puro medo da dor. Mas como ela deduziu como seria??
Antes o caso de uma outra amiga que chegou a sentir o começo do trabalho de parto, teve 4 centímetros de dilatação, mas acabou pedindo a cesárea. Pelo menos ela tentou. E conheceu as suas contrações. Mas mesmo isso é delicado falar, pois cada gestação é um mundo diferente, são reações diferentes, sintomas diversos.

Bom, o que sei é que a cada dia quero mais experimentar esta dor. Quero passar pelo processo. E quero ver o progresso por meio dela. A dor do parto me é desconhecida. Muitos me chamam de corajosa, outros perguntam se sou louca (com ênfase: “Tu é dooooida??”), outros disseram que admiram. Mas o que quero mesmo é dizer: eu senti, eu sei, eu conheci! E no final de tudo, triunfalmente: “Eu suportei”!

Beijos carinhosos

5 comentários:

  1. Que lindo post, amiga. Sabe Lets, eu li, não lembro onde, que a sensação do trabalho de parto é tão única e intensa que o nosso cérebro(precisando nomear e classificar tudo o que se passa conosco) termina "percebendo" essa sensação física como dor... bem, o que sei é que mesmo aquelas que sentem "doer" forte mas que conseguem se manter tranquilas e firmes, superam seus medos e chegam lá!
    Concordo contigo, essa dor tem que ser bem-vinda, parceira, desejada e "curtida"... desesperar vai entravar o processo e brigar com ela vai impedi-lo. A entrega tem que ser total... como disse um conhecido texto que circula na net, nessa confraria de mulheres, hehe!
    As dores são como ondas do mar, que vem em turbilhão, quebram e tudo se acalma novamente até a próxima... e que cada "onda" vem trazendo seu bebê cada vez mais perto, cada uma que passa é um passo a mais para te-lo nos braços.
    Então, amigona, sei que você é valente e que mesmo que tema o mar bravio vai se lançar nas suas ondas para pisar em terra firme com sua Nina nos braços.
    Um xero grande!

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  2. "Coragem não é a ausência de medo, mas, sim, a conscientização de que algo é mais importante do que o medo."

    Ah! Lembrei dessa citação que vem a calhar com o post! O que fazemos do nosso medo é que faz toda a diferença, né!
    Xeruuuu!

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  3. Belíssimo texto pretinha!!! Te amo muito!

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  4. É isso aí,Lico, não tem como a gente dizer que não gosta de uma coisa se nunca provou, de um momento, se nunca vivenciou...
    Esses momentos ficam parecendo desafios e enfrentá-los tem um gostinho diferente...isso é o que nos motiva mais! Eu pelo menos penso assim e pelo o que parece você tem um quê disso também!
    Boa sorte e vai dar tudo certo!
    Amo.

    Bjks,

    Ju R.

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  5. Olá Letícia,
    Eu soube do seu blog através da materna! Vim aqui comentar, comigo foi como com você. As contrações foram suepr suportáveis, até os 10 cm eu ainda ficava brincando e dando risadas com meu marido e a parteira! Mas no expulsivo, aí sim doeu. Doeu mas era a dor que iria trazer meu filho, eu sequer cogitei em anestesia, sabia que quando saísse todo o corpinho a dor iria acabar. e acabou mesmo!
    Desejo que numa próxima gestação vc possa desfrutar de todos os estágios do parto, pois é muito maravilhoso!
    super bjo, linda sua pequena!
    katarina

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