sábado, 9 de janeiro de 2010

SONHO (quase) PODADO

Prometo que não mais falarei sobre isso. O ultimo suspiro; a ultima queixa. Ao menos que haja uma mudança radical e linda no andar da carruagem. Mas a verdade é que estou arrasada. Fiz 38 semanas na quarta e constatamos na sexta em consulta que minha filhinha não virou e continua pelvica. Desesperei, ja chorei na médica, em casa e pensei bastante nisso.

A ideia da cesarea começa a ficar cada vez mais nitida na minha frente. O problema nao é nem exatamente a forma que ela vai nascer, pois afinal de contas como disse uma colega que a filha tambem estava pelvica “o que a gente ganha é tão emocionante, tao maravilhoso que é impossivel que o meio seja mais importante que o fim”. O meu problema é que vai se esvaindo um sonho, uma meta, uma luta. Todos sabem o quanto tenho me esforçado para conseguir nosso parto normal. O quanto naveguei por diversas aguas, estudei, troquei de medicos, frequentei reuniões, li, me preparei... O quanto carreguei este ativismo. E agora me vejo controlando meus proprios desejos, com medo da decepção. Já nao posso almejar com tanta afinco aquilo que sustentei durante tantos meses. E agora só penso em esquecer..esquecer e deixar levar, deixar rolar ..e finalmente apertar minha pequena nos braços.

Outra conhecida tambem falou,“nossa, a gente quer tanto um PN que bebes pelvicos deveriam ser proibidos para nós”.. ou seja, tanta mulher optando por uma cesarea, tanta mulher com medo ou ate contra parto normal, tanto médico ludibriando mães ingênuas... e nós que estamos com tudo na mão temos que nos deparar com isso. Deveria ser proibido! :-)

Enfim, haveria possibilidades de talvez fazer um parto pelvico (de bunda!!) , ou mesmo de uma versão cefálica externa - que é nada menos que o bebê ser virado literalmente pelas maos de um especilista que o manipula pela barriga da mulher. Minha propria medica disse que se assumíssemos um dos dois casos, ela tambem entraria de cabeça e nos orientaria (ela foi muito atenciosa e nos deu muita força). Mas não sei se chego a tanto. Podem haver consequencias e não sei se seríamos, eu e o RÔ, capazes de ignorá-las para realização de um sonho. Poderia ser exagero, poderia ser capricho. E não sou tão incrivelmente mulher maravilha para achar que posso tudo. Que tudo dará certo. Não quero comprar briga com minha filha, que talvez tenha escolhido este caminho. Que, quem sabe, até esteja impedida por alguma razão de dar a volta ao local onde ela deveria ir. É a velha natureza falando mais alto que nós, homens , racionais e controladores.

Sei que alguns vão ler isso aqui e vão pensar no intimo em me dizer “mas Lica, o que importa é que sua filha nasça com saude e vcs fiquem bem”. Assim como eu repito meu mantra a cada minuto “Eu tive uma gravidez muito boa e tranquila, entao sossega que existem coisas piores”. Creio que alguns podem até me chamar de egoista. Mas não posso me privar do desabafo: esta situação e quem sabe a ideia de abandonar meu tão sonhado parto natural me deixaram muito triste. Prometo nao falar mais nisso.

4 comentários:

  1. Querida Lê,
    Compartilho com você a 'decepção' que deve ter sido ao constatar que uma cesária agora é mais real. Tive exatamente o mesmo sentimento mas já no hospital, depois de horas tentando induzir o parto que também fazia parte dos meus sonhos. Chorei na sala de cirurgia por medo, decepção, mas minutos depois, chorei de alegria ao ter a Luísa, pela primeira vez nos meus braços.

    Foque nisso agora, lembre-se que falta pouco para a Valentina chegar, independente da forma como 'ela escolheu'.

    Você fez o que esteve ao seu alcance, curta agora os últimos dias da gestação da forma mais tranquila que puder. Prepare-se para recebê-la, não prepare-se para o parto!

    Um beijo grande,
    Cris

    ResponderExcluir
  2. Um abraço caloroso e terno é o que melhor posso te oferecer neste momento... deixa fluir e o que tiver que ser, assim será!

    ResponderExcluir
  3. Lica, eu tinha escrito aki bem bonitinho e tudo se apagou...:( O que importa é q Nina nasça do jeito q ela quiser! Deixe a bixinha! :) A propósito, pq o nominho dela não fica sendo 'Nina'? Afinal de contas todo mundo só chama ela desse jeito e eh um nominho lindo...:)
    bjokas
    loviu

    ResponderExcluir
  4. Oi, dei uma passada por aqui para te dar um apoio. Bem, meu médico é dos poucos que fazem parto pélvico em condições em que tudo conspira a favor (no meu caso não conspirou, infelizmente, pois nesse caso eu estava decidida a encarar). É muito louco que surjam os bebês sentadinhos bem para nós que não tememos a dor do parto. Hoje me ocorre que cada uma tem um desafio compatível com o tamanho de sua coragem. Eu tinha medo da cesárea, medo da operação, do pós operatório, de ficar frustrada pelo procedimento num momento em que eu queria estar íntegra, desta frustração se transformar numa deprassão pós parto. Enfim, dei uma bela pirada em tudo e superei. Encarei o cesarião e quando vi que ela era inevitável me neguei a ficar entregue à frustração. Ia curtir o momento, fosse como fosse. Conseguei ver a operação até com alguma curiosidade, coisa de quem nunca havia sido operada, como quem numa viagem chata e longo resolve apreciar a paisagem para ver se torna aquilo mais prazeroso. Deu certo, ela está aqui, eu estou super contente, não tive nem baby blues. A vontade de vivenciar o parto permanece, mas existirão outras oportunidades (ou outra, ao menos). Seja como for o nascimento de sua filhota, entregue-se a ele, não permita que a tristeza te domine. O momento é muito especial e, como já foi dito, o meio é importante, mas não (não mesmo!) mais que o fim. Boa hora pra você! beijos Marina

    ResponderExcluir