sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Ansiedade x Silêncio

Pitoquinho,
Ontem ficamos aqui ao seu lado até três e pouca de madrugada. Você reuniu todo mundo da família de novo , assim como no seu nascimento. 
Estávamos aguardando exames , de certa forma, decisivos e , da minha parte, querendo ficar ao teu lado o tempo possível. Por mim, ficava pelo Hospital , mas a exaustão extrema e a falta de estrutura para “dormir” não ia fazer nada bem a todos nós. E Graças a Deus (como disse , graças à Nsa sra de Aparecida, de Fatima, aos anjos protetores, a São Nicolau.. ao universo) o exame que aguardávamos saiu melhorado. Que alivio, que parte do peso descarregada. Ao ponto de me permitir voltar pra casa para encostar minimamente a cabeça numa cama. 
Entretanto , sua gravidade é tal que tentando dormir ou não meu coração vem à boca diversas vezes, sinto náuseas, tensão,fico dura e inerte ao mesmo tempo. E mesmo com a pequena ajuda de um remedinho ansiolítico, minha alma , mente e corpo continua irrequietos.
A dificuldade de abrir os olhos e tentar ter novas noticias, de como foram as últimas seis horas.. a falta de informação por não estar lá, por aguardar a Neo dizer algo. 
Ir ao hospital traz uma carga gigante de ambiguidade: a vontade imensa de ficar ao teu lado , de te tocar, te ver , cantar e conversar, de aproveitar cada segundo; em outro viés, o pavor visceral e primitivo me arrastando pelos cabelos , me dizendo pra não ir...eu puxando os pés pra trás. Um tonel de tensão e adrenalina apenas para poder transpassar a porta de vidro da Uti. 
Aqui estou, ao lado da sua sala, da sua morada há 2 meses.. com frios na barriga e ansiando por saber mais..sem poder entrar , pois ainda temos que encarar o vai e vem de procedimentos e regras da UTI. Cada espera neste momento se torna um tempo infinito de demora. Aliás, uma pergunta perturbadora: tempo, quanto teremos?


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