terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

RELATO DO NASCIMENTO

Desde que escolhemos o nome da nossa filha, Valentina, sempre escutávamos: “Nome forte , hein?”... Daí, depois de um certo tempo, quando as pessoas já estavam super ansiosas para que ela nascesse, falavam “ela não quer vir logo, é valente!!”

E realmente, não sei se por coincidência, mas ela fez jus ao nome e tem demonstrado desde a barriga ser forte, valente, de personalidade marcante. Pode ate ser precipitação minha... mas, veremos.

Falo desde a barriga, pois uma das minhas maiores lutas na gestação (que foi tranquilíssima, diga-se de passagem) foi quanto à posição pélvica da Valentina. E todos sabem o quanto eu desejava profundamente um parto normal. E o quanto estar pélvico dificulta um PN – principalmente pra mães de primeira viagem, tanto na questão fisica quanto emocional.

Desde bem cedo que constatamos (final das vigésimas semanas) que estava pélvica e se mantivera naquela posição: cabecinha voltada para o lado direito abaixo das minhas costelas, dorso ao longo do lado esquerdo e os pezinhos pra baixo. Todos os dias eu acordava, e já tateava a barriga naqueles locais para sentir se algo havia mudado. E nada...

Mas eu não desistia. Sim, perdi as esperanças em alguns momentos – sobretudo quando via que estava ficando ‘tarde’ –, chorei em outros e retomava o fôlego mais tarde. E neste ínterim, ia fazendo de tudo ao meu alcance: exercícios, moxabustão, simpatias, cambalhotas na piscina etc etc.

Já com mais de 40 semanas, decidi fazer uma versão cefálica mais leve, com uma pessoa conhecida na área e que aliava com muita acupuntura. Eu e o Rodrigo passamos mais de 3 horas no consultório. Tudo foi feito, levei todas as picadas e a japinha ainda colocou uma força braçal forte para virar e a... ValenTINHA manteve-se firme e forte naquele lugar. Insucesso. Ela disse que achava melhor eu ir direto ao hospital , pois podia entrar em TP . Me examinou e, pasmem, a danadinha chutou na mão da médica! hahaha Mas acabei falando com minha GO e decidi voltar pra casa, pois não estava sentindo nada.

Nessa altura do campeonato, há muito já via meu grande sonho do Parto normal minguando. Era apenas mais uma tentativa. Conversei com o maridão (que, confesso, foi minha fortaleza, meu imenso apoio durante todo este tempo), conversamos com a médica que, por sua vez, nos deixou a vontade e disse que caso assumíssemos em ter um PN pélvico, ela nos daria apoio e procuraria outra medica amiga que poderia realizá-lo. Mas decidimos – principalmente EU, - que não encararíamos. Enfim, é uma decisão complexa e que não dá para resumir em poucas linhas.

Agora só nos restava esperar, pois eu queria passar por tudo, esperar o tempo da minha filha e entrar em trabalho de parto, mesmo sabendo que provavelmente encararia a cesárea. Até esperar começou a ficar complicadinho. Minha Nina não queria saber de chegar..., passou a DPP, passei as 40 semanas, passei as 41, minhas irmãs e sobrinhos desembarcaram de Recife aqui e nada; fiquei até aflita que a família tivesse que ir embora e não conseguisse estar no nascimento. Mas resisti. Tomei chá de canela, caminhei etc pra acelerar.

Até que na manha de quinta pra sexta (29/01) meu tampão mucoso caiu!! Fiquei feliz, pois era algum sinal!!....Um dia antes tinha ido à medica , que disse que eu já estava com quase 3 cm de dilatação. Fiquei super feliz e vi que na verdade já estava em pródromos (iniciozinho do trabalho de parto mais demorado e indolor) há pelo menos uma semana. Continuava sentindo as contrações de Braxton mais fortinhas, porém não achava nada demais.

No sábado à tarde fomos à casa da minha mãe – (já com 41 semanas e meia!!) pra uma festinha com família , amigos e feijoada. Lembro que falei: “vou caprichar na pimenta, pra ver se ativa este negócio!!” No mesmo momento, Rodrigo saiu correndo só pra comprar pimenta , pois não tinha na casa. Hahaha Comi feijuca, tomei um choppinho e voltamos pra casa à noite.... Fui dormir umas 24h30 pensando ‘tenho que recuperar meu sono’ (pois dormia mal há duas noites).

Dormi super bem e estava num soninho dos deuses quando às 3:00h da matina senti o tsunami invadindo minha cama! Parecia um sonho! Minha bolsa rompeu ali e foi muita água por entre as pernas... Gritei ...RÔ, que estava acordado e veio correndo !! “ Minha bolsa estourou!” Ele abriu um sorrisão e continuou correndo como um doido querendo me ajudar e ajeitar as coisas para irmos à maternidade. Acho que ficou mais ansioso que eu. Fui tomar um banho e quando saí, o liquido não parava de escorrer... nada continha..até que o próprio Rô me deu um toalhinha que coloquei entre as pernas! Hahaha...Um vestido folgadão por cima e pronto. Pegamos as coisas (esquecemos várias!) e zarpamos às 3h30 para o Sta Catarina.

No caminho comecei a sentir umas contrações bem leves...mas eu estava muito tranqüila. E, claro, nada melhor do que o trânsito de SP neste horário, em plena madrugada de domingo! No carro liguei para a Débora (medica) e avisei.

Chegando lá, hospital vazio, fui atendida na hora. A primeira enfermeira com cara e maior voz de sono. Assim como o GO plantonista. Só faltavam estar dormindo juntos! Hehehe

Mas o que me marcou foi uma outra enfermeira que me examinou. Chamava Dulce, a quem eu apelidei de irmã Dulce. Ao contrario de tudo que conhecemos de hospital, do impessoal e frio, esta mulher foi incrível. Baixinha, de cabelo curto, simpática, me perguntou se eu queria normal ou cesárea, ao que eu respondi “tudo que eu queria é que vc dissesse que minha filha virou para eu ter normal, pois ela está pélvica”. Ela ainda comentou que era possível fazer parto pélvico, mas explicou que era preciso que o médico e a paciente deveriam ter bastante segurança e apostar nisso. Coisa que eu não tínhamos. Fez o toque e constatou que eu já estava com 5cm e colo bem molinho!!! Fiquei besta e feliz! Eu estava na metade do TP e super bem!!! Sem dores. Estava adorando..

Então ‘irmã’ Dulce começou a me falar um monte de coisas boas, dizendo que era uma pena, que eu tinha o quadro super favorável pra ter normal, que eu estava ótima, tranqüila, saudável...e que eu não deveria desistir numa próxima
em ter PN, que a cesárea não me impediria, etc etc..Enfim, me passou palavras belíssimas e , acreditem, humanizadas!

Fui levada, já com a indumentária deles, a uma sala para esperar a Débora chegar. O Rô veio comigo. Lá comecei a sentir melhor as contrações, que eram uma espécie de queimação forte na lombar com cólicas menstruais. Fiquei lendo revista e conversando com o Rô. Até que me chamaram muito rápido, dizendo que a médica tinha chegado. Pensei: bom, é o fim do meu TP!

Já fui à sala de parto e o Rodrigo foi se ‘vestir’. Lá encontrei minha GO com seu marido, também GO– que ia participar da cirurgia. Outra enfermeira estúpida começou a me preparar e neste momento eu sentia mais as contrações. Mas o pior não foi isso; o pior momento de todo o processo foi quando esta ignorante pegou meu braço para colocar o tubo do soro.. Nunca senti tanta dor!!! Ela enfiava uma agulha cavalar (conexões Tigre!!) no meu pulso, do lado do osso, com força e o negócio começou a sangrar e eu a gritar – uma luta – tudo isso no meio de contrações (que estavam até light em comparação)! A minha médica chegou a fazer cara de dó e pedir calma a ela...e a IDIOTA me solta duas vezes um: “Ué, mas como vc queria ter normal se não agüenta isso??”. Eu e a Déborah queríamos matá-la!! Que ódio.

Depoi , claro, diante disso, fiquei morrendo de medo da anestesia (raqui) e tensa. Mas, graças a Deus o anestesista foi mais legal e assim como ele disse, só senti uma picada de ‘acupuntura’. Uma das coisas mais bizarras que já senti – ou não senti! – foi dar um comando ao cérebro e vc não conseguir mexer nem um dedinho do pé! Que estranho, dá vontade de chorar. É muito bizarro vc não sentir NADA! Mas vale ressaltar que só fiz este teste depois do parto, pois antes nem ousei.

Daí em diante começou a temida cirurgia. O Rô do meu lado. Num dado momento, achei que já estava demorando e começaram a me balançar na maca, como se eles tivessem fazendo força ou tendo dificuldades. Comecei a ficar aflita. E vez ou outra ouvia um sussurro: “pegou o pézinho?” O anestesista se dispôs a ajudar empurrando por baixo do meu pano... Perguntei se estava tudo bem, disseram que sim e depois de uma certo mexe, mexe silencioso...ouvi um chorinho baixinho, como uma gatinha...e eu comecei a chorar de emoção já soluçando e perguntando: nasceu?, nasceu?? É ela?? Daí Valentina chorou mais um pouco e a trouxeram no meu peito...ainda cheeeia de vérnix (apesar de ‘tardia’), de olhos bem abertos, fazendo biquinho, cabelo ralinho, LINDA, LINDA, apaixonante. Fiquei agarrada nela, chorando, falando com o Rodrigo, que também estava emocionadíssimo...

Nina nasceu às 6:14 de domingo, ultimo dia do mês de janeiro, 31/01/2010, Apgar 9/10. Pesando 3,415 kg e medindo 47 cm.

O nascimento de um filho é sem duvida o momento mais sublime de uma mulher, de um casal que se ama, de um estágio da vida. É o gozo máximo da ratificação da vida e de sua perpetuação. É um milagre!

Minha médica veio me dar um beijo de despedida e, junto com o marido, me disseram que sem duvida foi a opção mais sensata, que para fazer um PN pélvico no caso dela seria difícil e arriscado, pois ela estava com os dois pés na pélvis, etc e tal. Me senti aliviada..e consciente que esta não foi uma cesárea DESnecesária! Que venha um VBAC!

Pra terminar, a enfermeira Dulce ainda apareceu no corredor veio me apertar a mão e falou com segurança a mesma coisa: foi a melhor decisão que vc tomou, mas vc terá seu parto normal!

Enfim, sobre isso volto a repetir a frase: o MEIO não pode ser mais importante que o FIM! Portanto, nada melhor do que ter minha filha linda, saudável, deliciosa, em casa, mamando, independente de como veio...e , claro, valente!!

Essa é a história do nascimento de Valentina Vieira Passarelli de Brito!

Beijos , beijos, beijos,
La nouvelle maman!

5 comentários:

  1. que delícia, Lets!!!
    Muito bom participar, através dos teus textos, de todo esse procesos tnao lindo e tão desejado por vocês!
    Tenho certeza que Valentina é valente e que essa danada vai trazer monentos de muita, muita felicidade eternamente! Já quero vê-la correndo aqui em casa, tomando banho de piscina de plástico com os tio !! rsrsrs
    beijos bem grande para este novo trio, Mô.

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  2. lindo Lê!

    to arrepiada e emocionada!!! Pois acompanhei sua caminhada. E vc foi uma guerreira!

    um beijão grande viu!

    carinho

    dri

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  3. Eu li tudinho,viu? :P hehehehe Lindos os três!! Que estorinha boa de se contar e se ouvir,ler...
    'Tubos e conexões Tigre' foi pau! Já imaginei o calibre da agulha! Uiii! Mas passou,Amiga, e Nina está em casa, graças a Deus, cheia de saúde, 'fofa de viver', no seu cantinho 'lavanda' (nunca mais esqueço) rss...
    AMOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!
    beijos no coração,
    Ju R.

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  4. Oi amiga,
    E olha que parto quiabo tu ia ter, 5 cm assim sem nem sentir uma dorzinha! Eita mulher parideira danada!
    Xeros

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  5. Leticia, obrigada por disponibilizar o link do teu blog.
    Já coloquei no blog de relatos ok?

    beijo
    relatosdeparto.blogspot.com

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